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Compreendendo os fatores de risco e proteção em saúde mental

Você já parou para pensar no que nos torna mais resilientes diante dos desafios da vida? Bem, deixe-me contar uma coisa: não é só uma questão de sorte ou genética. Existem toda uma gama de fatores - alguns que podem nos deixar um pouco mais vulneráveis, e outros que são como nossos guardiões pessoais, prontos para nos proteger dos perigos do mundo mental. Nesse artigo, vamos dar uma olhada nos fatores que podem impactar nossa saúde mental, desde os fatores de risco até os de proteção, e como eles se entrelaçam em nossas vidas diárias.


Imagine os fatores de risco como aquelas pedrinhas chatas que aparecem no caminho quando você está indo em direção ao seu destino. Eles podem ser coisas como falta de acesso a direitos básicos, problemas familiares ou até mesmo problemas econômicos. Agora, os fatores de proteção? Ah, esses são como seu guarda-chuva em um dia chuvoso - eles te mantêm seguro e seco quando a tempestade ameaça aparecer. Coisas como apoio social, habilidades de enfrentamento e até mesmo uma boa dose de autoestima estão na lista.


Mas não pense que a história termina aí! Também vamos falar sobre como você pode fortalecer seu próprio guarda-chuva mental. Afinal, é tudo sobre acreditar em si mesmo, cercar-se de pessoas que te apoiam e aprender a lidar com aqueles dias cinzentos em que a vida parece jogar uma chuva de problemas. Vamos juntos explorar os fatores de risco e proteção em saúde mental.


Fatores de Risco e Proteção: uma dança constante


Plenitude


Os fatores de risco se referem a uma variável que aumenta a probabilidade do indivíduo de adquirir determinada doença quando exposto a ela, ou seja, são fatores prejudiciais à saúde mental que, quando presentes, cooperam para o desenvolvimento de problemas; sejam eles físicos, emocionais ou sociais. Já com relação aos fatores de proteção, eles podem ser entendidos como recursos pessoais ou sociais que atenuam ou neutralizam o impacto do risco, ou seja, são fatores que, quando presentes, reduzem a atuação dos fatores de risco, contribuindo para um desenvolvimento saudável.


Partimos de uma visão macro para compreender o que pode comprometer nossa saúde mental. Os fatores de riscos para a saúde mental estão altamente relacionados a determinantes socioeconômicos e ambientais, a questões macro, como pobreza, guerra e desigualdade.

Por exemplo, pessoas em vulnerabilidade social frequentemente vivem sem os direitos básicos de segurança, ação e escolha que os mais privilegiados têm como garantidos. Muitas vezes, elas carecem de alimentação adequada, moradia, educação e saúde, privações que as impedem de levar o tipo de vida que todos valorizam.


Populações que vivem em circunstâncias socioeconômicas precárias estão em maior risco de problemas de saúde mental, depressão e menor bem-estar subjetivo.

Outros macros fatores, como urbanização, guerra e deslocamento, discriminação racial e instabilidade econômica, foram associados a níveis aumentados de sintomatologia psiquiátrica e morbidade psiquiátrica. Por exemplo, traumas relacionados à guerra causam transtornos de estresse pós-traumático, depressão, ansiedade e transtornos relacionados ao álcool. 


A tabela a seguir apresenta uma variedade de determinantes sociais, ambientais e econômicos da saúde mental baseados em evidências, discutidos mais detalhadamente no livro "Prevention of Mental Disorders: Effective Interventions and Policy Options" (Prevenção de Transtornos Mentais: Intervenções Eficazes e Opções de Políticas), de Hosman, Jané-Llopis e Saxena (2005).


Determinantes sociais, ambientais e econômicos da saúde mental 

Fatores de risco

Fatores de proteção

Acesso a drogas e álcool

Empoderamento

Migração

Integração de minorias étnicas

Isolamento e alienação

Interações Interpessoais positivas

Falta de educação, transporte e moradia

Participação social

Desorganização do bairro

Responsabilidade e Tolerância social

Rejeição pelos pares

Serviços Sociais

Serviços e circunstâncias sociais precárias

Apoio social e redes comunitárias

Nutrição inadequada


Pobreza


Injustiça racial e discriminação


Desvantagem social


Urbanização


Violência e Delinquência


Guerra


Estresse no trabalho 


Desemprego


Obviamente não podemos deixar de mencionar os fatores de risco e proteção individuais e familiares relacionados à saúde mental, que podem ser biológicos, emocionais, comportamentais ou ligados ao contexto familiar. Esses fatores podem influenciar a saúde mental ao longo da vida e até mesmo entre gerações. Alguns exemplos de fatores de risco incluem abuso infantil, doença mental dos pais, comportamento materno durante a gravidez, conflitos conjugais e problemas físicos em idosos. Esses fatores estão ligados ao desenvolvimento de uma variedade de problemas de saúde mental, bem como a problemas de saúde física. Entre os fatores de proteção individuais e familiares estão: adaptabilidade, habilidades de resolução de problemas, autoestima, habilidades de gestão social de conflitos, gerenciamento de estresse, suporte social da família e amigos, entre outros.


Fortalecendo o seu guarda-chuva mental: a importância da autoeficácia


Felicidade

Segundo a Teoria Social Cognitiva, a interação entre fatores pessoais, ambientais e comportamentais na determinação da saúde se mostra muito importante- autoeficácia, crenças de saúde e modelos de papel na adoção de comportamentos saudáveis. A falta de consciência sobre como nossos hábitos afetam a saúde pode ser um obstáculo para a adoção de comportamentos mais saudáveis.

As crenças de autoeficácia, que representam a confiança em nossa capacidade de realizar ações necessárias, são fundamentais para motivar a mudança e perseverar diante de desafios.

Essas crenças não apenas influenciam diretamente nosso comportamento, mas também afetam outros aspectos, como motivação, resiliência e manejo do estresse e da depressão. A teoria destaca que as crenças de autoeficácia podem ser fortalecidas através de experiências bem-sucedidas e superação de obstáculos, sugerindo que desenvolver essas crenças é essencial para promover um estilo de vida mais saudável. 


Uma boa maneira de ver como anda sua autoeficácia é através do autoconhecimento. Acesse o link: Materiais gratuitos para download | Beatriz Zanetti, clique em ferramentas e faça o teste que fizemos sobre autoconhecimento!


Há algumas maneiras de promovermos a autoeficácia. Através da observação e convivência com pessoas semelhantes a nós, as quais ocupam ou são responsáveis por atividades de sucesso que também queremos dominar, aumentamos nossa própria crença em nossas capacidades de realizar atividades semelhantes. Por exemplo, se uma pessoa vê um colega de trabalho com habilidades semelhantes conseguindo uma promoção após trabalhar duro, ela pode se sentir mais confiante em sua própria capacidade de alcançar uma promoção com esforço semelhante.


A persuasão social é outra maneira de fortalecer a autoeficácia, onde a verbalização de crenças nas próprias capacidades mobiliza mais esforço. Quando somos elogiados ou encorajados por outras pessoas, isso pode aumentar nossa confiança em nossas habilidades e motivar-nos a aplicar mais esforço em nossas metas.

Enfatizando destacar que o feedback positivo deve ser genuíno para ser eficaz. Por fim, as pessoas também julgam suas capacidades com base em estados somáticos e emocionais, sendo importante   reduzir as reações ao estresse e corrigir interpretações negativas desses estados para modificar as crenças de autoeficácia. Por exemplo, se nos sentimos estressados, tensos ou cansados, podemos interpretar erroneamente esses sentimentos como sinais de fraqueza ou falta de capacidade. No entanto, aprender a interpretar esses estados de forma mais precisa e reconhecer que eles não refletem necessariamente nossa capacidade real pode ajudar a fortalecer nossas crenças em nossas próprias habilidades.


Estamos em constante exploração e evolução


À medida que chegamos ao fim desta exploração sobre os fatores que moldam nossa saúde mental, fica claro que somos influenciados por uma complexa interação entre desafios e recursos. Este olhar mais atento nos lembra da importância de reconhecer tanto os riscos quanto as proteções em nossas vidas. Enquanto navegamos nesse território muitas vezes incerto, podemos encontrar resiliência em nossa capacidade de enfrentar dificuldades, apoio em nossas conexões sociais e confiança em nossa capacidade de adaptação. À medida que seguimos em frente, podemos continuar explorando e aprendendo, reconhecendo que a saúde mental é uma jornada em constante evolução.


Escrito por: 


Beatriz Zanetti (CRP - 01/19319) - Psicóloga pela Universidade de Brasília e Mestre em Educação para Carreira pela Universidade Livre de Bruxelas. Dedica-se a auxiliar quem vive transições de vida e carreira, na busca por felicidade, presença e equilíbrio, no Brasil ou no exterior. Atendimentos em português e inglês. 


Maria Luiza Rocha - Graduanda em Psicologia pela Faculdade Cesusc, Bacharel e Licenciatura em Ciências Biológicas pela Universidade Federal de Santa Catarina. Interessada em pessoas, cultura e sociedade.





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