Se você foi morar no exterior em um lugar em que não conhece (quase) ninguém, construir uma nova rede de socialização é um dos principais fatores para que sua mudança seja um sucesso! Descubra nesse artigo como criar conexões e redes de apoio.
Segundo a Organização Internacional para as Migrações (OIM), a migração é um movimento populacional de travessia de uma fronteira internacional ou nacional, que compreende qualquer deslocamento de pessoas, independentemente da extensão ou das causas. Entretanto, o processo migratório é muito mais do que um mero atravessamento de fronteiras, é um processo de transição, com fortes experiências, mudanças de rotinas e formas de vivência.
Assim, fica evidente que as pessoas migram por diferentes motivos e que a imprevisibilidade e a variabilidade são elementos presentes neste processo. Portanto, como forma de manutenção e também direcionamento, formar redes de apoio podem ser um fator decisivo no processo de inserção no novo contexto.
As funções do apoio de pessoas têm sido descritas por vários autores em três vertentes:
O apoio emocional, que são comportamentos que influenciam no bem estar afetivo e faz com que o indivíduo se sinta querido, amado e respeitado.
O apoio instrumental, o qual é definido como as ações ou os meios materiais e ambientais proporcionados por outros e que servem para resolver problemas concretos ou atividades cotidianas do indivíduo.
O apoio informativo, definido como o processo através do qual as pessoas recebem informação ou aconselhamento significativo que lhes permite integrar a realidade, recepcioná-la e adaptar-se de uma forma mais tranquila.
Além disso, numerosos estudos comprovam a importância do apoio social na saúde mental dos indivíduos, não só destes que estão passando por mudança de país, cidade ou estado, mas como para todos os indivíduos. Concomitantemente, não só os laços sociais e os relacionamentos interpessoais significativos são essenciais para manter uma boa saúde mental, como também a sua existência tem um efeito protetor aos efeitos do estresse. No caso do sujeito no contexto de uma mudança, este apoio pode permitir obter ajuda em situações de crise e o acesso a informações que facilitem seu ajustamento a esse novo local.
"Eu sou eu e minha circunstância, e se não salvo a ela, não me salvo a mim" José Ortega y Casset
Assim, como expresso na frase de José Ortega y Casset, apesar do seu "eu", ser distinto da realidade à sua volta, ele é inseparável dela. Poderíamos dizer então, que isso significa que é preciso "salvar" a circunstância para salvar a si mesmo, ou seja, compreender o mundo ao seu redor e assumir uma postura intencional, madura e realista diante dessa realidade frente a incerteza e indeterminação, como no contexto de migração. Assim, passar pelo sentimento de estar “perdido”, e encará-lo é um passo necessário para se encontrar, se conhecer e se constituir como indivíduo.
Você deve estar se perguntando que essa é uma discussão muito filosófica, mas faz sentido né? Pense em todas as circunstâncias que você já passou em que primeiro se sentiu perdido, mas depois tomou atitudes para conseguir superá-las e em como isso fez você se conhecer e se estruturar como quem é hoje.
04 dicas para te ajudar a criar uma rede de apoio de forma intencional
Se sua mudança foi para estudar fora ou trabalhar, aproveite para criar conexões nesses locais. Tenha uma postura aberta e curiosa, converse com as pessoas sobre elas, sua cultura, costumes, interesses.
Envolva-se em atividades relacionadas a quem você é. Por exemplo, se você ama praticar esportes busque um grupo de prática de esportes e participe ativamente; se você é religiosa, engaje-se na comunidade local da sua religião; se atua como profissional em uma área específica, participe de grupos e eventos da sua área.
Crie laços com a comunidade do seu bairro. Participe de eventos organizados pela gestão, comerciantes ou organizações de onde você mora. Compre do pequeno comerciante e frequente cafés e restaurantes locais.
Faça um trabalho voluntário. Além de conhecer outros voluntários você também irá se familiarizar mais com a realidade local.
Apesar de o contexto limitado de pandemia e isolamento social inviabilizar a realizar algumas dessas dicas, é possível fazer adaptações tendo em vista a possibilidade do online agora.
Como criar conexões significativas
Uma das experiências mais significativas da vida humana é a conexão. Ela promove muitas emoções positivas como: amor, esperança, compaixão, respeito, gratidão, fé e perdão. Além disso, auxilia no alinhamento com os valores pessoais e promove a criatividade.
Porém, a conexão não fala apenas de criar conexões sociais como as redes de apoio. Conectar-se acontece nas dimensões física, social, psicológica e espiritual. Estabelecer uma conexão com qualidade significa observar o que é, se relacionar com o que é, sem julgamentos, pois eles filtram a realidade e podem prejudicar o quão significativa essa conexão poderia ser para você.
Aqui vão 04 dicas de como se conectar com o que a vida apresenta a você, de maneira consciente e intencional, em cada uma dessas dimensões:
Conexão física: conecte-se com o seu próprio corpo. Observe sua postura, sua maneira de respirar, as sensações que cada parte do seu corpo sente, frio ou calor, tensão ou relaxamento. Observe como o mundo externo está se relacionando com o seu corpo, como ele está tocando a superfície, o que você escuta, o que você vê, os cheiros que você sente. Após a observação traga intencionalidade para essa conexão e escolha com consciência como você quer lidar com o que se apresenta para você nesse momento, se libertando de velhos padrões e reações instintivas, agindo com uma intenção positiva e buscando atender às suas necessidades. Práticas de mindfulness/ atenção plena, exercícios físicos e rotinas de cuidado corporal podem te ajudar nessa conexão.
Conexão social: busque ativamente estabelecer uma conexão real com aqueles que estão ao seu redor. Isso quer dizer estar presente para os outros, sem julgamento, relacionado-se com empatia, conectando-se com a experiência do outro. As técnicas da Comunicação não violenta são grandes aliadas nesse processo.
Conexão psicológica: conecte-se com a sua própria experiência, alinhe-se aos seus valores, esteja em sintonia com você. Isso resulta em auto cuidado, maior aceitação pessoal, amor próprio, serenidade e contentamento. Para isso observe-se, tome consciência do que acontece no seu mundo interior, perceba os seus diálogos internos, entenda como você se relaciona com você mesmo. Isso te trará profundo autoconhecimento e então você poderá escolher intencionalmente e agir com consciência quanto a como você quer se tratar e ao que você gostaria de fazer para ser um bom companheiro para si mesmo. Fazer psicoterapia é um excelente modo de aprimorar essa conexão.
Conexão espiritual: conecte-se com o que te traz um sentimento de pertencimento a algo maior que você, que te traga consciência de que você faz parte de uma unidade e está conectado a tudo e a todos. Para isso, identifique qual é a fonte (ou fontes) que inspira e nutre a sua conexão espiritual. Algumas pessoas falam de Natureza, outras de Deus, Buda, Universo, a Essência, a Luz, o Amor, a Arte, Contemplação,... não existe uma única e correta resposta. Conheça o que motiva você, de dentro para fora, a fazer o bem, a desejar a justiça para todos e o respeito para todas as formas de vida. Com essa consciência, conecte-se intencionalmente com essa fonte, separe um tempo na sua rotina para alimentar essa conexão, sinta suas baterias sendo recarregadas e o aumento da sensibilidade e profundidade de suas outras conexões. Orar, meditar, estar na natureza, fazer o bem a alguém, são algumas das práticas que podem fortalecer essa conexão.
Estabelecer essas conexões com qualidade pode não ser algo dado, é preciso abrir espaço para isso em sua vida, é preciso olhar para dentro com constância, driblar auto sabotagens e pré-conceitos sobre si e sobre o outro. Permita-se viver isso! Refinar seu autoconhecimento para uma mudança para o exterior é um passo essencial para torná-la mais bem sucedida.
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Escrito por: Beatriz Zanetti (CRP - 01/19319) - Psicóloga pela Universidade de Brasília e Mestre em Educação para Carreira pela Universidade Livre de Bruxelas. Dedica-se a auxiliar quem vive transições de vida e carreira, na busca por felicidade, presença e equilíbrio, no Brasil ou no exterior. Atendimentos em português e inglês. Stephanie Marques - Graduanda em Psicologia pelo Centro Universitário IESB. Entusiasmada em aprender sobre o ser humano e o mundo, vê a escrita e a leitura como formas de disseminar o conhecimento.
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